A busca por uma justiça mais eficaz e inclusiva tem se intensificado nos últimos anos, e, segundo o tributarista Leonardo Manzan, essa transformação depende diretamente da adoção de uma abordagem interdisciplinar. Unir diferentes áreas do conhecimento jurídico e extrajurídico não apenas fortalece as soluções oferecidas à sociedade, como também amplia a compreensão dos fenômenos sociais e econômicos que influenciam o sistema judiciário.
Neste artigo, exploramos como a interdisciplinaridade contribui para a eficiência do Judiciário, promove a inclusão e melhora os resultados sociais das decisões jurídicas.
O que é interdisciplinaridade no contexto jurídico?
A interdisciplinaridade no Direito representa a integração entre diferentes áreas do saber para construir soluções mais completas, éticas e justas. Ao contrário de uma abordagem puramente técnica ou isolada, a interdisciplinaridade exige o diálogo constante entre o Direito e áreas como Economia, Sociologia, Psicologia, Ciência de Dados e Administração Pública.
De acordo com o professor Leonardo Manzan, a justiça moderna não pode mais se sustentar apenas com o conhecimento jurídico tradicional. A complexidade das demandas contemporâneas exige do operador do Direito uma compreensão ampliada, que abarque aspectos sociais, econômicos, comportamentais e até mesmo tecnológicos.
Por que a interdisciplinaridade melhora a eficácia da justiça?
A eficácia da justiça não está apenas em julgar com rapidez, mas também em entregar decisões que resolvam verdadeiramente os conflitos e tragam paz social. Ao considerar múltiplas perspectivas, o juiz ou legislador tem condições de compreender o impacto real de suas decisões sobre os diferentes setores da sociedade.
Conforme o doutor Leonardo Manzan, é por meio da análise interdisciplinar que o Direito consegue se alinhar às necessidades da sociedade atual. A união entre Direito e Economia, por exemplo, permite decisões mais sustentáveis do ponto de vista financeiro, enquanto a colaboração com a Psicologia pode auxiliar na mediação de conflitos familiares e comunitários.

De que forma a interdisciplinaridade contribui para a inclusão?
A inclusão exige mais do que acessibilidade física ao Judiciário — ela requer sensibilidade às desigualdades sociais e culturais que impactam o acesso à justiça. Nesse ponto, a interdisciplinaridade cumpre um papel essencial. Ao integrar áreas como Serviço Social e Antropologia, o sistema de justiça torna-se mais atento às realidades de populações vulneráveis, como indígenas, mulheres vítimas de violência, comunidades periféricas e pessoas com deficiência.
Essas perspectivas permitem que as decisões sejam tomadas levando em consideração o contexto de vida dos envolvidos, e não apenas os aspectos legais do processo. Para o doutor Leonardo Manzan, a justiça inclusiva depende da capacidade de ouvir e entender as realidades diversas que compõem o tecido social. Esse entendimento só é possível quando há abertura ao conhecimento de outras áreas.
Como a interdisciplinaridade se aplica na prática?
A aplicação prática da interdisciplinaridade ocorre em diversos níveis: desde a formação acadêmica de juristas até o desenvolvimento de políticas públicas. Um exemplo claro é a atuação de núcleos multidisciplinares dentro dos tribunais, compostos por psicólogos, assistentes sociais, economistas e estatísticos que colaboram com juízes e promotores na análise dos casos.
Além disso, conforme o professor Leonardo Manzan, há uma crescente valorização da pesquisa interdisciplinar nas universidades e centros de estudos jurídicos, o que fortalece a formação de profissionais mais completos, preparados para os desafios atuais. Na atuação empresarial, por exemplo, a interdisciplinaridade tem se mostrado fundamental para áreas como o setor de energia.
Por fim, como empresário do segmento, que o cumprimento das normas regulatórias exige conhecimento técnico, jurídico e econômico, além da capacidade de diálogo com o poder público e a sociedade civil. No entanto, esses obstáculos podem ser superados com políticas educacionais adequadas, investimento na formação continuada de magistrados e servidores, e incentivo à pesquisa aplicada que envolva diferentes áreas do saber.
Autor: Luvox Pherys